Governo tenta contemplar PSD e avalia trocas em três pastas; veja quais

Novo capítulo das mudanças deve mexer em posto no Planalto e atender bancada do partido que saiu fortalecido das urnas em 2024, insatisfeito com espaço atual.

O Globo
05/03/2025


Após mudanças no Ministério da Saúde a na articulação política, as próximas trocas no primeiro escalão do governo devem ocorrer na Secretaria-Geral e nas pastas das Mulheres e da Pesca, de acordo com aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi anunciada para a chefia das Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, que assumirá a Saúde na vaga de Nísia Trindade.

A escolha de Gleisi, que era cotada para a Secretaria-Geral, não deve contribuir para a permanência de Márcio Macêdo como titular do cargo, que tem assento no Palácio do Planalto e é responsável pela relação com os movimentos sociais. A expectativa de interlocutores é que Lula escolha nos próximos dias um novo nome para a pasta.

Mesmo disposto a mudar o comando do ministério, Lula ainda não decidiu quem ocupará o lugar de Macêdo, cuja saída já era dada como certa há cerca de um mês. Uma das possibilidades é que o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), demitido da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em janeiro, assuma o posto. O presidente também conversou com aliados sobre a hipótese de um convite ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), mas integrantes do governo avaliam que o fato de o parlamentar ser do PSOL, um partido pequeno que já ocupa o Ministério dos Povos Indígenas, é um empecilho.

Nas últimas, semanas o ministro da Secretaria-Geral vinha manifestando a aliados a confiança de que permanecerá no cargo. Procurado para falar sobre a situação, ele não comentou. Macêdo atribuía as especulações sobre a sua saída a uma articulação de aliados de Gleisi para que ela assumisse uma pasta no Palácio do Planalto.

Petistas avaliam que Macêdo tem uma atuação apagada na Secretaria-Geral, em um ministério que sempre teve protagonismo em governos petistas, com capacidade de articulação e de formular políticas. Nos primeiros dois mandatos de Lula, a cadeira foi ocupada por Luiz Dulci, aliado histórico e um dos fundadores do PT.

Apesar do desgaste, aliados de Macêdo apontam que Lula gostou do desempenho do ministro na elaboração do G20 social, em novembro do ano passado. O ministro cuida agora da organização da participação da sociedade civil na COP30, que ocorrerá em novembro.

O titular da pasta é um nome de confiança de Lula. Ele se cacifou com o presidente quando organizou as caravanas pelo país antes de o petista ser preso, em abril de 2018. Além disso, foi tesoureiro do PT e comandou as finanças da campanha de 2022, que foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No Planalto, a saída de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres também é considerada certa. Há descontentamento quanto à gestão da pasta. Na semana passada, a Comissão de Ética da Presidência arquivou um processo que investigava uma suposta demissão de uma ex-secretária propondo verba para apoiá-la em candidatura e também uma acusação de racismo.

Mesmo com os arquivamentos, os casos provocaram desgaste interno, assim como uma gravação revelada pelo Estadão na semana passada. Na conversa, a ministra diz a interlocutores que interrompe suas agendas imediatamente para atender à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Os únicos no governo que recebem o mesmo tratamento, segundo ela, são Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ela afirma ainda que consegue "enrolar" Macêdo e Padilha.

Procurada, Cida Gonçalves informou que a prerrogativa para definir o titular do cargo é do presidente. Caso a saída da ministra seja confirmada, Lula estuda duas alternativas. A primeira seria nomear a senadora Teresa Leitão (PT-PE). Se fizer isso, Silvio Costa, pai do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que é suplente, assumiria uma vaga no Senado. Silvio Costa tem uma relação próxima com o presidente.

PSD no xadrez

Uma outra possibilidade seria deslocar Luciana Santos (PCdoB), atualmente no Ministério de Ciência e Tecnologia, para a pasta das Mulheres. Nesse caso, seria possível contemplar a bancada do PSD na Câmara com a pasta de Ciência e Tecnologia. O PSD está insatisfeito e considera que o Ministério da Pesca, que tem André de Paula como titular, não é compatível com o tamanho do partido. Integrantes do partido, porém, dizem que a bancada não tem afinidade com os temas do ministério que tem Luciana Santos à frente. Assim, uma das possibilidades seria destinar a pasta para o União Brasil e deixar o Turismo com o PSD.

A entrada do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no governo ainda está indefinida. O senador mineiro estaria mostrando pouca disposição em concorrer ao governo de seu estado em 2026, o que seria uma condição para que ele assumisse um posto na Esplanada.

Lula também estuda a possibilidade de fazer uma troca no Ministério do Desenvolvimento Agrário. À frente da pasta, o petista Paulo Teixeira tem enfrentado críticas do MST, apesar de ter o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Caso seja feita uma mudança, Pimenta, também cotado para a Secretaria-Geral, poderia ser o escolhido.

Os ministros na mira

Cida Gonçalves

Titular da pasta das Mulheres, enfrenta um descontentamento geral quanto à sua gestão. Numa conversa da ministra com interlocutores divulgada pela imprensa, Cida afirmou que interrompia suas agendas imediatamente para atender a primeira-dama,Janja, provocando mal-estar e constrangimento no Planalto.

Márcio Macêdo

Responsável pela relação com os movimentos sociais, possui, de acordo com petistas, uma atuação apagada na Secretaria-Geral, ministério que sempre teve protagonismo em governos do PT, com capacidade de articulação e de formular políticas públicas. O ministro é nome de confiança de Lula.

André de Paula

Ministro da Pesca, é filiado ao PSD. Seu partido está insatisfeito com a pasta e considera que o ministério não é compatível com o tamanho da legenda. Em uma eventual dança das cadeiras entre as siglas aliadas do Planalto, o PSD aposta no embarque na pasta do Turismo, hoje com o União Brasil.
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