Lula se reúne com líderes para ajustar articulação política após derrotas no Congresso

A expectativa é que Lula faça essas reuniões semanalmente para alinhar a estratégia do governo.

O Globo
03/06/2024


O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou a série de derrotas do governo no Congresso Nacional na semana passada e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a articulação política têm "total noção realista do que é o perfil do Congresso Nacional". Padilha afirmou ainda que Lula está à disposição dos parlamentares e fará "todas as reuniões necessárias com líderes, vice-líderes" para concluir a votação das prioridades do Palácio do Planalto até julho.

"Para que a gente possa concluir a votação da pauta prioritária até julho como sinalizamos, todas as reuniões necessárias com líderes, vice-líderes vão acontecer. A medida que a gente sentir a necessidade por exemplo de qualquer um dos pontos prioritários até o mês de julho precisar de uma reunião mais ampla com os líderes, faremos reuniões mais amplas com os líderes da câmara, do senado. Presidente está absolutamente aberto e disposto a isso".

Pela manhã, Lula se reuniu com a equipe política e econômica para tratar sobre a articulação do Planalto no Congresso Nacional. A expectativa é que Lula faça essas reuniões semanalmente para alinhar a estratégia do governo. O encontro durou cerca de 1h30 no Palácio do Planalto.

Padilha, no entanto, afirmou que as agendas serão apenas a retomada das reuniões de coordenação com Lula. Esses encontros, no entanto, não ocorriam de maneira periódica e nem sempre contava com a presença dos líderes do governo.

"A possibilidade de retomada dessa reunião de coordenação tem um avanço positivo em poder coordenar melhor essa atuação. Presidente Lula já recebeu líderes e vice-líderes esse ano. Está à disposição de receber líderes e vice-líderes outras vezes. Tem feito agendas de sanção dos projetos de lei prioritários para valorizar o trabalho dos parlamentares, se encontrar com os parlamentares, tem buscado estar com os parlamentares nos estados".

Até então realizadas sem a participação de Lula, as reuniões de segunda-feira no Palácio do Planalto discutem a semana do governo no Congresso. Em alguns momentos, Lula participou dos encontros e fez reuniões de alinhamento com os ministros palacianos: Rui Costa (Casa Civil), Paulo Pimenta (Secom) e Padilha.

Além de Padilha, participaram da agenda o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo; o ministro Interino da Secretaria de Comunicação Social, Laércio Portela; o líder do Governo no Congresso, Senador Randolfe Rodrigues; líder do Governo no Senado, Senador Jaques Wagner; líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado José Guimarães; o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola; a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior; e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

Após o encontro, Padilha afirmou que Lula está à disposição de manter contato com líderes e parlamentares e que "nada substitui a presença do presidente".

"O presidente sempre está à disposição de manter um contato, e é muito importante que ele esteja com essa disposição sempre de manter contato com líderes e parlamentares. Nada substitui a presença do presidente da República. E as ações vão continuar".

Aliados tentam convencer Lula e estabelecer encontros frequentes com um grupo ainda mais amplo, que contemplaria os parlamentares que lideram as bancadas dos partidos aliados nas duas Casas legislativas. Segundo interlocutores do presidente, a tendência é que, diante do cenário turbulento e com a necessidade de seguir aprovando medidas econômicas, Lula intensifique os acenos.

Auxiliares afirmam que os ajustes serão mais focados no fluxo de discussões mais amplas sobre as votações. A ideia é que essas conversas se intensifiquem internamente e também com os parlamentares, organizando melhor o fluxo e trazendo uma rotina de debates para o time da articulação.

Aliados do presidente no Congresso criticam a postura de Lula no terceiro mandando, mais distante do convívio com parlamentares. Lula tem usado cerimônias de sanções de projetos de lei no Palácio do Planalto para se aproximar de deputados e senadores. A ideia é permitir um momento de contato dos parlamentares com Lula. No último mês, foram realizados oito eventos desse tipo em que mais de 30 parlamentares estiveram com Lula.

Na semana passada, além da derrubada do veto presidencial ao ponto central da lei que restringe saídas temporárias de presos e da manutenção da decisão, tomada ainda na gestão de Jair Bolsonaro, de dificultar a punição à disseminação de notícias falsas eleitorais, a gestão Lula acumulou outras derrotas.

Nesta segunda-feira, Padilha afirmou que nada do que aconteceu na sessão do Congresso surpreendeu os articuladores políticos e afirmou que a avaliação sobre a articulação política é positiva, já que pautas tidas como prioritárias para o governo estão avançando.

"Nada do que aconteceu no Congresso surpreendeu os articuladores políticos do governo", afirmou Padilha, completando: "O governo sempre foi muito realista desde o ano passado. Sempre apresentamos uma pauta centrada no avanço econômico e social, na combinação do desenvolvimento social e econômico. Temos noção do perfil do Congresso".

Na mesma sessão do Congresso foi derrubado o veto a um artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que desestimula a destinação de verbas do Executivo a ações favoráveis ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, ao aborto e à agenda LGBTQIA+. O item foi incluído na norma a partir de uma emenda do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e foi barrado por Lula em seguida.

A sessão da Câmara seguinte à reunião do Congresso também reservou outro resultado negativo: deputados aprovaram um projeto que susta pontos do decreto de armas do Executivo, como proibição de que clubes de tiro fiquem a menos de um quilômetro de escolas. Este texto ainda precisa do aval do Senado, onde a tendência é que não seja pauta prioritária.
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