Incêndios no bioma caatinga refletem na emissão de gás efeito estufa, diz estudo apoiado pela Fapema

Pesquisa de geógrafa e mestranda em Biodiversidade e Conservação pela Universidade UFMA traz à tona os desafios críticos enfrentados por um dos biomas mais singulares do Brasil.

Secom
03/09/2024


Um estudo inovador, intitulado 'Dinâmica Espaço-Temporal e Impacto do Fogo no Bioma Caatinga', conduzido pela geógrafa e mestranda em Biodiversidade e Conservação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Iara Regina Ferreira Carmo, traz à tona os desafios críticos enfrentados por um dos biomas mais singulares do Brasil. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema), a pesquisa revela a extensão dos impactos dos incêndios florestais na Caatinga e propõe medidas eficazes para sua redução.

"Este é um bioma de extrema importância para o Maranhão e para o Brasil. Apoiar pesquisas como a da Iara Carmo é investir na preservação desse patrimônio natural e na sustentabilidade do nosso estado. O estudo traz informações essenciais para orientar políticas públicas que visem à conservação da biodiversidade e à mitigação das mudanças climáticas", afirma Nordman Wall, presidente da Fapema.

O estudo, que mapeou a dinâmica das queimadas na Caatinga, mostra como o uso inadequado da terra e os incêndios florestais têm transformado drasticamente o bioma, impactando sua biodiversidade única e contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa. "A falta de políticas conservacionistas tem exacerbado os problemas enfrentados pela Caatinga, tornando urgente a adoção de estratégias eficazes para proteger essa rica biodiversidade", avalia Iara Carmo. A matéria é um dos destaques da Revista Inovação N° 49 lançada semana passada pela Fapema e que pode ser acessada em http://revista.fapema.br.

A caatinga, bioma que abrange cerca de 1% do território do Maranhão, é um dos ecossistemas mais únicos e vulneráveis do Brasil, caracterizado por sua vasta diversidade biológica e condições semiáridas extremas. No entanto, enfrenta sérios desafios devido às atividades humanas intensivas, como a agricultura e a pecuária, que resultam na fragmentação dos habitats naturais. Essa fragmentação, por sua vez, aumenta a incidência de incêndios florestais, um dos principais focos de preocupação abordados pelo estudo.

O trabalho identificou que o impacto do fogo na vegetação nativa da caatinga compromete a biodiversidade única do bioma e reflete expressivamente nas emissões de gases de efeito estufa e para a degradação dos recursos hídricos e do solo.

Utilizando técnicas avançadas de sensoriamento remoto, o estudo conseguiu detectar padrões de incêndios e correlacioná-los com variáveis climáticas como a Oscilação Multidecadal do Atlântico e o Índice Oceânico Niño, demonstrando que eventos climáticos intensificados exacerbam a propagação de incêndios.

Resultados

A pesquisa mostra problemas enfrentados pelo bioma e propõe soluções baseadas em evidências científicas. As taxas de desmatamento, somadas aos eventos climáticos intensificados, aumentaram a recorrência de incêndios florestais. Nos anos em que os eventos climáticos Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO) e Índice Oceânico Niño (ONI) apresentaram valores positivos simultaneamente, as secas foram mais acentuadas e prolongadas, o que aumentou a incidência dos incêndios florestais.

As vegetações mais fragmentadas foram as que apresentaram maior porcentagem de ocorrência de incêndios. As queimadas florestais causam grandes perdas para a diversidade biológica do bioma. O uso e a ocupação da terra têm o poder de manter a biodiversidade e reduzir as emissões dos gases de efeito estufa.

"Entender a dinâmica espaço-temporal e o impacto do fogo no bioma caatinga torna-se essencial para compreender os padrões de incêndios e identificar como as variáveis influenciam na propagação do fogo. Isso permite que o estado do Maranhão implemente medidas eficazes de combate a esse impacto, evitando a perda de espécies em várias camadas ecossistêmicas", aponta Iara Carmo. 

O apoio da Fapema, segundo a pesquisadora, foi fundamental para o desenvolvimento dos estudos e para a produção de resultados, que são essenciais à orientação de políticas públicas eficazes de conservação e manejo ambiental, além de permitir o avanço da pesquisa.

"A Fapema foi um divisor de águas no avanço científico e tecnológico, para minha pesquisa e outras, em diversas áreas do conhecimento, em todo o estado", afirmou.

Abrangência de biomas

Além de gerar dados científicos considerados valiosos, o estudo visa informar os formuladores de políticas sobre a importância da gestão sustentável da terra e incentivar práticas que garantam a conservação da biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas, na conservação da biodiversidade, no desenvolvimento de estratégias de gestão ecossistêmica e na prevenção de incêndios florestais. Paralelamente, o método desenvolvido no projeto poderá ser ampliado para outros biomas brasileiros, promovendo a sustentabilidade e o bem-estar econômico e social, em escala nacional, prevê a pesquisadora. 

"Isso possibilita a compreensão dos processos ecológicos, contribuindo assim para a preservação dos recursos naturais, garantindo ambientes saudáveis e promovendo o bem-estar econômico e social da população. O conhecimento científico pode guiar ações efetivas para proteger os recursos naturais e promover um futuro mais sustentável para todos", conclui.
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